Soja - Cultivares

Apesar das informações publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sobre as cultivares inscritas no Zoneamento Agrícola de cada Unidade da Federação, considera-se oportuna a divulgação das cultivares de soja indicadas para cultivo em cada estado através desta publicação com o propósito de atingir melhor os técnicos e os empresários do setor produtivo. Ressalva-se, entretanto, que as tabelas a seguir podem não contemplar todas as cultivares inscritas no Registro Nacional de Cultivares, pela razão de seus detentores não terem eventualmente descrito todas elas nas Reuniões de Pesquisa, quanto às características morfológicas e fisiológicas e de produtividade. Ressalva-se, também, que por razões de espaço não são fornecidas nesta publicação as características individuais de cada cultivar. Essas informações devem ser procuradas junto aos obtentores.

Cultivares melhoradas portadoras de genes capazes de expressar alta produtividade, ampla adaptação e boa resistência/tolerância a fatores bióticos ou abióticos adversos representam usualmente a contribuição mais significativa à eficiência do setor produtivo. O desenvolvimento de cultivares de soja com adaptação às condições edafo-climáticas das principais regiões do País, especialmente as dos cerrados e as de baixas latitudes vem também propiciando nas últimas três décadas, a expansão da fronteira agrícola brasileira. Programas de melhoramento genético de soja são conduzidos nos Estados do RS, SC, PR, SP, MS, MG, MT, GO, RO, BA, TO, MA, PI, PA, RR, AL e no DF por instituições públicas e privadas isoladamente ou em parceria.

Os parentais para cruzamento e/ou retrocruzamento (obtenção de variabilidade genética para exploração no programa de melhoramento) são selecionados com base nas regiões brasileiras alvo do programa e nos objetivos: produtividade, adaptação e resistência/tolerância a doenças e pragas e outras características específicas. As populações resultantes dos cruzamentos/retrocruzamentos são conduzidas preferencialmente pelo método massal ("bulk") ou pelo método da descendência por semente única tradicional ou modificada. O F1 é multiplicado em casa-de-vegetação e as gerações subsequentes em campo experimental aproveitando as baixas latitudes do País para obter duas ou três multiplicações anuais, através da manipulação do fotoperíodo (com uso de luz artificial) e da disponibilidade hídrica (complementada por irrigação). A agilidade no avanço das gerações - para aumento de homozigose - é fundamental para garantir rapidez na obtenção de cultivares em resposta às demandas do setor produtivo. Nessa fase são realizados vários testes visando selecionar contra as principais doenças e pragas (Cercospora sojina, cancro-da-haste, nematóides de cisto e de galhas, insetos, ferrugem, etc.). O avanço de geração é realizado em diversas regiões normalmente até a geração F5, quando coleta-se plantas para formação e teste de progênies e seleção de linhagens para composição dos testes de avaliação de produtividade e adaptação. Esses testes são realizados nos Estados do RS, SC, PR, SP, MS, MG, MT, GO, RO, BA, TO, MA, PI, PA, RR, AL e no DF, por um período de cinco anos, em experimentos denominados Ensaios de Avaliação Preliminar de 1o ano (API), de 2o ano (APII) e 3o ano (APIII) e Ensaios de Avaliação Final (AF - 2 anos). Os ensaios são realizados por grupo de maturação: precoce - até 115 dias; semiprecoce - 116 a 125 dias; médio - 126 a 135 dias; semitardio 136 a 145 dias. Os delineamentos experimentais são Blocos Aumentados no PI e Blocos Completos Casualizados com 4 repetições nas demais etapas. As parcelas são de 4 fileiras de 5 metros (10 m2 totais; 4 m2 úteis) e os números mínimos de locais por região variam com o experimento: API - 3 locais; APII - 4 locais; APIII - 5 locais; AF - mínimo de 5 locais. As linhagens selecionadas em função do potencial produtivo, estabilidade e características agronômicas superiores às das cultivares padrões serão disponibilizadas como cultivares.

A indicação para cultivo é formalizada após registro das cultivares no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares - SNPC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. O registro é feito utilizando as informações de Valor de Cultivo e Uso - VCU das novas cultivares, obtido com os dados de produtividade, adaptação, ciclo de maturação e altura de planta dos ensaios, e possibilita o início da produção de sementes para fins comerciais. Para serem protegidas as novas cultivares necessitam passar pelo teste de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade - DHE, realizado por dois anos em cada região, normalmente utilizando uma amostra de 300 plantas coletadas durante a fase de produção de semente genética. Esse teste assegura, como o próprio nome indica, que a nova cultivar é diferente das demais disponíveis e apresenta homogeneidade e estabilidade na expressão suas das características.

Nos últimos anos, atendendo à demanda por produtos com maior valor agregado, têm sido lançadas cultivares de soja com características especiais para o consumo in natura e para a indústria de alimentos. Para essa linha de produtos, são consideradas diversas características tais como: sementes graúdas com alto teor de proteína, coloração clara do hilo e que conferem boa qualidade organoléptica aos produtos de soja (QO); ausência das enzimas lipoxigenases (AL), conferindo sabor mais suave aos produtos de soja; teor reduzido do inibidor de tripsina Kunitz (KR), o que permite a redução de tratamento térmico e dos custos de processamento; e tamanho, coloração e textura de sementes ideais para produção de "natto" (PN - alimento fermentado japonês). Dentre as cultivares desenvolvidas para esse fim e que apresentam algumas das características citadas, destacam-se: BR-36 (QO), BRS 155 (KR), BRS 213 (AL), BRS 216 (PN), IAC PL-1 (QO), UFVTN 101 (AL), UFVTN 102 (AL), UFVTN 103 (AL), UFVTN 104 (AL), UFVTN 105 (AL), UFVTNK 106 (AL, KR).

Fonte: Embrapa